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Mostrando postagens de janeiro, 2021

COBRA-CIPÓ

Tem pássaro fora do ninho Já ensaiando seus voos Filhote de pomba-rola Caiu no chão meio à toa Presenciei o encontro Da cobra verde com ele Também a cobra é pequena A tal Philodryas olfersii A cobra-verde-cipó Meu coração disparou E dei pisada no chão Dei com graveto um cutucão Sem certeza interferi A cobra seguiu destino Eu resgatei o filhote Mas não encontrei seu ninho Botei num galho bem alto Agora deixei ele só Tomara que não encontre Nenhuma outra cobra-cipó Luiza Mattos Rio Pardo 2021

Projeto Falésias

 

HOJE

Hoje eu não corri Não dei gargalhada no vento Não pulei de paraquedas E nem te beijei sedento Hoje o dia murchou Hoje a comida esfriou Não teve salada fresca Hoje o dia passou Luiza Mattos Rio Pardo, 07/01/2021

SOBRA

O corpo dói Os braços pesam Não sobra força Não sobra um verso Depois do murro Depois do choro Da raiva pura Do desconsolo Como engolir, digerir e retomar? Ele faz tudo se deformar Realidade contorcida, tudo alterado Não segue linha, não faz bordado São ofensas que deságuam da boca frouxa Não dá sossego, e não descansa Corta carne, corta alma E rasga tudo, até lembrança E eu sigo torta, dolorida, pressionada Cospe, bate, ofende e grita Se vê um fardo, se vê ferida Desleixo de vida, descuido Não rompeu casca, não virou fluido Ficou só pedra, terra queimada Sobrou num canto Um homem manco Luiza Mattos Rio Pardo 04/01/2021

ESTRANHA CERTEZA

Que estranho ter pai doente Assim de hora pra outra Dar banho, limpar o corpo Dormir cortado no tempo Que logo não faz sentido Ele se perde nos dias E eu perdida nas horas Será que dorme essa noite? Será que foi tudo embora? O pensamento bagunçado Que ama e cospe no prato Arremessa tudo que vê E logo conta outra história Se lembra dos pagamentos Manda e desmanda no vento Vem raiva, espanto e tormento Os outros que não entendem “São burros, que tonta gente!” Transfere a raiva e revida Uma agressão inventada Uma noite mal dormida Que estranho é dar de comer Aquele que briga comigo E ao mesmo tempo é abrigo Um toque, um cafuné Um pedido de desculpas Um beijo e muito carinho Entre trancos e barrancos Ele também já foi ninho Sempre foi rei de si mesmo Viu pouco além do umbigo Mas tem coração generoso Só não fez muito sentido Vocês não sabem do intelecto Que tinha tal indivíduo Não errava uma conta E a explicação sempre pronta A vida é sempre supressa Um dia de cada vez Ele trilhou seu camin