Projeto Falésias

Você pedaço de mim Você me encontrando inteira Eu transbordando vida Tanto leve a flutuar Com os pés firmados no chão Não sei se és algo além De um sonho guardado aqui Da minha doce visão Um presente ilusão Mas cada sorriso seu Dentro de mim reverbera Traz lembrança, traz cantiga Traz um desejo guardado De compartilhar a vida Só posso lhe agradecer Por ser firme certeza Por saber elaborar Dar tempo, silenciar Nosso encontro correnteza

 

Apartamento vazio Lembrança de um tempo nosso Das noites amanhecer Você vivendo visita Até logo deixar de ser De momento encontro bom Alegria sem motivo De discussão infinita Com rega vinho ou cerveja De sair de madrugada Depois de você voltar Todos os livros no chão O pouco espaço casarão Nada era motivo ou briga Era tudo diversão Não sei como esvaziou Nossa morada de amor Nosso encontro dimensão

No mar revolto do forte Vejo garras, vejo guerras Do farol adormecido Sobra a chama O fogo O norte

Todo dia escolho uma Dessas que deixo sair Vem sorriso, vem suspiro Vem coisa pra deixar ir Vou sempre fazer faxina Tirar e recolocar As vezes não vai pro lixo Preciso só espanar Tirar pó, tirar poeira Trocar tudo de lugar

Com os pés no mundo Eu tropeço no querer E reconheço... Esforço, bondade, escrita Vejo teu cheiro chegar As estrelas vem lembrar Das promessas que me fiz Vou alçar, abrir as asas Vou voar... Ser pra sempre passarinha Tendo ninho pra voltar

Primeiro dia de ti. Primeiro dia de escrita. 13 mil dias de vida. Acordos, acordes. Cuidado e carinho. Sem sorte, sem vinho. Sem acaso, nem descaso. Tua vida em meu caminho.

De um jeito meio assim Eu divulgo meu trabalho Não sei fazer inventário Da minha história e coração Vou largando pelo mundo Do jeito que vai saindo Me sinto sempre parindo Um novo pedaço de mim

Só leia o que for pra ti Sem procurar picuinha Tem gente que tira morcego Da danada da entrelinha

Obrigada por ventar Por soprar toda a poeira Eu gosto de estar assim Pra fora e pra dentro de mim Nessa entrega verdadeira Vem tempestade ou vem brisa Movimentar é o que importa Me tirar da onda morta Que não brota, nem enraíza Uma vida sem vazão? É claro que pra mim não Vida viva e verde sim Que venta, venta sem fim Quente ou frio já não importa Quero mesmo é vida torta É discutir relação Pedaço de pano, papelão Sem força, briga ou pressão Pra deixar o ar fluir E o tempo se distrair

Tava aqui tudo trancado O teu toque veio abrir O teu ficar abraçado É o que me fez sorrir É disso que gosto mais Quero é ficar pendurado Mas sem deixar mais pesado O jeito do outro ir

A dor que fere meu corpo Fere todas as mulheres Sofrem juntas ou isoladas Feridas abertas, unificadas Olhamos umas pras outras E nossas dores são diversas Mas que isso não impeça De lutarmos todas juntas No campo, ou na cidade Nas águas e nas aldeias Contra esse sistema opressor Capitalista, e machista Seremos sempre resistência De corpo e alma entregue Saldamos a Marielle Nossa semente de vida

Hoje sou dia marasmo De toque e de cansaço De banho no meio da tarde Dia de almoço tardio Olho no olho E poder perceber Que somos inteiros assim Te dar um pouco de mim Do que eu pensava querer Dia de despertar Pra um novo jeito de ser Que eu não sei qual será Sinto a garganta arranhar Meu rosto virar marejo O coração disparar

Esse poema é pra mim Pra pensar nessa saudade Crescendo no meu jardim Um pouco dela é carência Outro tanto é resistência Por entender a potência E respeitar os desejos Aumenta a vontade dos beijos Penso no que mereço Em todo meu caminhar Sempre é difícil sentir A falta e o poder de amar Eu tenho convicção Do amor que esta por aqui E que não tem dimensão É forte, é certeiro, construção Mas tem sempre um algo mais Que é difícil atender Tem diferença, tem crença Tem ritmo e tem vazão Tem correnteza, tem rio E tem certeza de mim Sou pele, carinho e tesão Sou dormir agarrado Sou dançar lado a lado Querer um olhar atrevido E uma escuta sincera Ser livre e dar liberdade Ter espaço e ser compasso Eu quero é ser primavera

Só pra dar gostinho Ouvir você, tomar um vinho Numa conversa solta Mesa de baixo d’árvore Vou te fazer um verso Vamos brindar carinho O tempo suspenso no ar Um pouco mais Pra exercitar A alegria em estar vivo Dançar, dançar Trocar o disco E ver a noite chegar

Se te encontro me percebo Encontrando meus temores Vontade de ficar no peito Vontade de fincar amores E tudo no fundo é igual Sou eu buscando meus pares Sou eu fugindo das dores

Bom brincar felicidade Transbordar minha vontade Nesse rio de criação Ela brota da saudade Do que sinto e já senti Do que ainda está por vir Vem ventado liberdade Grande gana de viver Ela espalha pelo corpo Pela alma da cidade Atravessa outros corpos Se aproxima movimento Vem desejo, vem momento Na beleza de existir

Da cor dos teus lábios Não consigo me esquecer É difícil perceber As medidas do querer Da vontade de voltar De tirar mais um pedaço De te pegar pelo braço Te beijar mais um tempão Da vontade de voltar Vontade de descobrir Como é dormir contigo Acordar pra ver o mar Desabar na imensidão Ir com calma desbravar Tua pele, teu olhar O teu jeito de sentir De vestir, e ser prazer É difícil de esquecer Do teu corpo vastidão