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Mostrando postagens de março, 2018

TINTA

Recentemente pintada. A parede parecia viva. Todos os antigos buracos haviam sido cobertos pela massa branca, haviam sido lixados e estavam agora esquecidos em algum lugar sob aquela densa imensidão azul-petróleo. O profundo da cor me confunde, penetra. Sinto a tinta transbordando, transmutando a pele. Me chega à garganta. Os pingos dourados vão aparecendo. Quando meu corpo encontra-se azul-petróleo por completo as folhagens arroxeadas descem pelos meus braços. Sinto a força-seiva pulsando. Ergo a visão. Sob a fronte sinto a gélida coroa de verde-esmeralda, trançada em largos gomos, descendo pela nuca e alcançando a cintura em ramos. Os delicados ramos misturam-se com o ouro de minhas madeixas envelhecidas pela mágica e pelas histórias passadas. Sou força, sou fêmea. Luiza Mattos Mar, 2018