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Mostrando postagens de dezembro, 2013

TELEFONEMA

Depois de dois anos apenas algumas poucas palavras deste lado da linha. Do outro lado surpresa. Do outro lado conversa. Aqui dentro um coração que não mudou o ritmo aos escutar a voz, apesar do choro ansioso no dia anterior. Esperava por tudo, esperava por nada. Talvez, em  verdade, não esperasse mais. O tempo passa, ele está velho e agora sozinho. Anda de lá pra cá como se o vai-e-vem preenchesse o vazio. Ocupa-se. Será que sente o vazio, ou será que quem o sente sou eu. Está na fazenda, mantém parte do campo. Ovelhas de cara negra. Penso em todos os momentos que minha memória nunca apagou. Infância campestre. A mimosa era meu refúgio, a florada amarela e as folhas aveludadas me faziam carinho. Sinto falta da voz doce, mas prefiro distância dos arroubos cruéis que sempre vem. A cegueira. Hoje sou outra, somos sempre outros ao reencontrar-nos com o passado. Marcamos novo contato, marcamos encontro. Talvez na próxima segunda feira. Luiza Mattos Porto Alegre

CAFÉ

Hoje as rosas estavam salgadas demais, mal temperadas Gosto de rosas frescas, e de sabor marcante Se a salmoura penetrou na terra e me agrediu a boca Busco, com calma, um copo d'água gelada Preciso do sal bem dosado, da cama bem feita e do café Um pouco mais fraco que o dele, quente e sem açúcar Luiza Mattos Porto Alegre